23 de dezembro de 2009

Natal


Um Feliz Natal aos meus filhos, amigos e a todos aqueles que guardamos no coração.
Que o próximo ano seja de muita luz e muito Axé a todos!

1 de dezembro de 2009

Dia Internacional de Luta Contra a AIDS



O que nós como "Povo do Santo", umbandistas, candomblecistas, temos feito?


Temos dado a devida atenção a doença? Porque quem vê cara não vê Aids.


Em nossos rituais, temos observado que com o advento desta doença também tivemos que modernizar fundamentos quanto ao uso de Obés e Obéxires?


Nós estamos lutando contra o preconceito?


Estamos orientando filhos de santo e consulentes sobre essa doença?


Temos falado abertamente sobre a contaminação?


Temos nos posto em vias de trabalho para receber e orientar portadores do vírus?


Temos nos preservado adequadamente do contágio?


Além da Aids também temos dado a devida importância a outras doenças igualmente perigosas como a hepatite e a sífilis, por exemplo?


Então meus caros irmãos, vamos nos movimentar. Com zeladores, somos vozes atuantes e de grande influência, como filhos de santo, vamos utilizar essa fraternidade e promover o bem e a saúde entre nossos irmãos e como simpatizantes, vamos ouvir com carinho todas as observações daqueles que tem por missão propagar o bem.


Aids está aí. Como doença do século ou mesmo Karma, do jeito que você acredite, deixou de ser um problema isolado, com grupos de risco apartados para ser uma doença de cunho humano que pode afetar a qualquer um em qualquer momento da vida.


Vamos fazer a nossa parte tanto na conscientização quanto na própria prevenção. Vamos por fora de nossas Casas os falsos conceitos sobre a doença.


Portanto irmãos, vamos pensar ou repensar nossa postura diante da doença.


Muito Axé a Todos!

30 de novembro de 2009

Seriedade não é sisudez, disciplina não é escudo, liberdade não é libertinagem



Aqueles que bem me conhecem, sabe que não tenho por hábito esconder-me atrás de pseudônimos e imagens. Tenho como política particular apresentar-me sempre que convocada e mostrar meu rosto, além de assinar tudo que por mim for escrito. Não sou daquelas que se escondem em nomes maravilhosos ou mesmos sob o nome de outrem para dar autenticidade àquilo que desejam ser. Meu nome é Elani e assim eu sou. Quando me casei fiz questão de manter o nome sob o qual fui registrada por motivos de convicção própria e comodidade, já que teria que mudar meus documentos.



Quando iniciada no Candomblé, foi-me dada escolha de usar um novo nome, afinal ali estaria nascendo de novo mas desta vez para a vida espiritual, porém minha Zeladora deixou bem claro que por mais que nasça uma nova Iaô, não deixa de ser o mesmo indivíduo e, daquele momento em diante tudo o que eu seria se daria pelo conjunto do que aprendi , do que sempre fui ao que eu escolheria ser junto aos meus Orixás e, não nasceria uma nova “Elani” e sim somariam-se fatos e momentos para que a velha “Elani” tornar-se alguém melhor. Foi assim que passei a ser chamada Elani d’Oxum e assim daquele momento em diante eu seria assim conhecida dentro do barracão. Na minha consagração como Zeladora, ou seja ,na minha obrigação de 7 anos, eu me comprometi a zelar por este nome e tudo aquilo que ele acarreta.



Sou conhecida pelo riso frouxo e pelo coração mole. Quanto ao coração mole, acho hoje, depois de sofrer um pouco com as angústias e desilusões, normais de qualquer Ser, endureceu um pouco, deixou de sujeitar a mente aos seus caprichos para tornar-se um pouco mais independente. Já o riso frouxo, esse ainda é um mistério. Não deixarei de sorrir e de rir ao momento que convier. A religião faz parte da minha vida e não haveria porque mudar. Não tornarei-me um pessoa sisuda, escondida sob a capa da religiosidade através de preceitos rígidos e superestimados. Não tolherei minha essência com a arrogância e regras de comportamento e postura que apenas serve para subjugar.


Minha casa, meu Ilê, meu Axé é como eu. Alegria, união e fraternidade por essência, o Orixá por fundamento e ajuda e solidariedade por finalidade, pois de que adianta tanto conhecer sobre o Orixá, ter títulos e comendas sem nada a oferecer àqueles que vêem a nós.


Filhos de Santo são livres, criados para o mundo assim como os filhos carnais. Tem liberdade de escolha e pensamento e desta forma são encaminhados por mim. Compartilho o conhecimento com todos, para que todos tenham clara e real noção do que é o Orixá e porque estão ali. Ensino-lhes o amor pelo amor ao Orixá, pois todo o conteúdo vem completando o ciclo do conhecimento e com amor cda Iaô é tratado, que acaba pro refletir


Deste modo, não me é necessário impor regras de comportamento, submetendo pessoas a praticas vexatórias a título de respeito. Tratamo-nos como seres iguais sob os olhos de Olorum e cujo respeito está implícito no bem viver. Conversamos sobre tudo sem formalidades desnecessárias que apenas fazem aumentar as aflições. Olhamo-nos nos olhos a qualquer momento porque lá é que está a sinceridade das palavras proferidas pela boca.


Elani de Oxum, assim sou e com as mudanças naturais que, com as graças de Oxum não passarão despercebidas, continuarei. Seja neste blog, em redes de relacioamento, na minha roça, em minha casa, em algum lugar que me encontrem ou em qualquer convite ou convocação é este nome que lá estará, só não está no RG porque a lei não deixa!(rs)

Muito Axé a Todos!

Elani d'Oxum

23 de novembro de 2009

Tem coisa melhor?




- Se apaixonar pela pessoa certa e ser correspondida(o).


- Rir a ponto de não agüentar mais.


- Ver Friends ou algum seriado da Sony que você mais gosta.


- Um banho quente num dia de muito frio.


- Sem limites em um supermercado.


- Aquela encarada de fazer tremer.


- Receber e-mail de alguém que você gosta e que não manda nunca.


- Letras de música no encarte do seu novo CD para poder cantar junto sem se sentir idiota.


- Ir a um ótimo show.


- Encarar um(a) lindo(a) desconhecido(a).


- Ganhar um jogo super disputado.


- Fazer bolo de chocolate e raspar a panela da calda.


- Ganhar dos amigos biscoitos feitos em casa.


- Gastar tempo com amigos chegados.


- Ver sorrisos e risadas dos seus amigos.


- Segurar a mão de alguém que você realmente gosta.


- Encontrar um velho amigo e perceber que algumas coisas (boas ou ruins) nunca mudam.


- Ir nas melhores montanhas russas denovo e denovo.


- Ver a expressão no rosto de alguém quando abre o seu to esperado presente.


- Olhar o nascer do sol.


- Ver o pôr do sol no Arpoador no verão.


- Conseguir enxergar essas pequenas coisas boas da vida e dar muito valor a isso.


- Ter sorte.


- Acordar de manhã e agradecer a Deus por mais um lindo dia.


- Dirigir por um lindo caminho.


- Escutar a música favorita tocar no rádio.


- Deitar na cama e escutar a chuva cair.


- Cheiro de terra molhada.


- Pegar aquela chuva de verão e dar um beijo na chuva.


- Tomar aquele banho e dormir na sua própria cama depois de acampar durante quatro dias.


- Toalhas ainda quentes, recém passadas.


- Descobrir que a blusa que você quer está em promoção pela metade do preço.


- Um milkshake de chocolate.


- Uma ligação de alguém que está distante.


- Um banho de espuma.


- Risadinhas.


- Uma boa conversa.


- A praia.


- Achar uma nota de R$50 no casaco do inverno passado.


- Rir de você mesma(o).


- Ligações depois da meia-noite que duram horas.


- Correr entre regadores.


- Rir sem motivo nenhum.


- Ter alguém para dizer o quanto você é linda(o).


- Rir de algo que acabou de lembrar.


- Amigos.


- Acidentalmente ouvir alguém falado bem de você.


- Acordar e descobrir que ainda pode dormir por mais algumas horas.


- O primeiro beijo.


- Gastar tempo com os velhos amigos ou fazer novos.


- Brincar com o novo bichinho de estimação.


- Ter alguém mexendo no seu cabelo.


- Sonhar com coisas boas.


- Realizar um sonho antigo.


- Chocolate quente.


- Viajar com os amigos.


- Balançar naqueles balanços de parquinhos.


- Empacotar presentes debaixo da árvore de Natal enquanto come biscoito de chocolate.

8 de outubro de 2009

Oração a mim mesmo


Que eu me permita olhar, escutar e sonhar mais.

Falar menos.

Chorar menos.

Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm e não a inveja que prepotentemente penso que têm.

Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras.

Sempre permitir escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar.

Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e comigo morrem por eu não saber sonhos.

Então que eu possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis; aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo fruto, a cada nova flor, a cada novo calor, a cada nova geada, a cada novo dia.

Que eu possa sonhar o ar, sonhar o mar, sonhar o amar, sonhar o amalgamar.

Que eu me permita o silêncio das formas, dos movimentos, do impossível, da imensidão de toda profundeza.

Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque, pelo sentir, pelo compreender, pelo segredo das coisas mais raras, pela oração mental (aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só ela, alma, responde.

Que eu saiba dimensionar o calor, experimentar a forma, vislumbrar as curvas, desenhar as retas e aprender o sabor da exuberância que se mostra nas pequenas manifestações da vida.

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos fazendo-me parte da suprema natureza, criando-me e recriando-me a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos.

Que meu choro não seja em vão e que em vão não sejam as minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos, mas saiba recuperar meu destino com dignidade.

Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesma:

- Que eu não tenha medo dos meus medos!

Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim uma mulher serena dentro de minha própria turbulência, sábia dentro de meus limites pequenos e inexatos, humilde dentro de minhas grandezas tolas e ingênuas (que eu mostre o quanto são pequenas minhas grandezas e o quanto é valiosa minha pequenez).

Que eu me permita ser mãe, ser pai e se for preciso, ser órfão.

Me permita ensinar o pouco que sei e aprender o muito que não sei, traduzir o que os mestres me ensinaram e compreender com que os simples traduzem suas experiências; respeitar incondicionalmente o ser por si só e por mais nada que possa ter além de sua essência; auxiliar a solidão de quem chegou, render-me aos motivos de quem partiu e aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar e ser amada.

Que eu possa amar mesmo sem ser amada; fazer gentilezas quando recebo carinhos e fazer carinhos mesmo quando não recebo gentilezas.

Que eu jamais fique só mesmo quando eu me queira só.

Amém!

3 de setembro de 2009

Morte?


Hoje fui surpreendida com o telefonema de uma amiga, que aos prantos, depois de algumas desavenças da vida, afirmava que ia morrer. Por isso passei todo o dia pensando no que ouvi e resolvi então postar alguma coisa sobre o assunto.


É querida, sei que quando pode você dá suas espiadelas por aqui e é pra você em especial que escrevo hoje e a tantos desesperançados.

Desculpe-mas as palavras duras, mas fica difícil ouvir de alguém como você tanta demonstração de fraqueza e covardia.

Você conhece minha posição sobre determinados assuntos e sabe como tenho me posicionado ultimamente sobre tudo aquilo que me desagrada.

Fiquei estarrecida, mais ainda, assustada com tanta falta de fé. Isso mesmo, falta de fé, que pra quem te conhece é algo realmente apavorante. Onde foi parar a fé que você sempre teve em si mesma, como pessoa evoluída e guerreira? Onde foi parar a fé em Deus, que você sempre diz ter? Onde está tua fé em Obaluaê, senhor das doenças e da morte mas também senhor da cura e da vida próspera, que já te deu sólidas demonstrações de sua presença na tua vida? Onde está tua fé no Sr. Tranca-Rua, senhor das almas aflitas que te trouxe até minha Casa? Onde está tua fé na amizade?

Estou te cobrando sim e através de você, a todos que por pura covardia escondem-se atrás das lágrimas ou no refúgio de seus médicos para não enfrentar seus problemas.

É amiga, a vida é dura. Você mesma me disse isso várias vezes e em tantas outras disse que eu sou timoneira do meu barco e como tal cabe a mim tomar todas as decisões sobre ele.

Desculpe amiga, mas só Deus sabe a hora que vamos partir desta vida e cabe única e exclusivamente a ele tomar qualquer decisão sobre tal momento.

Então minha cara e a todos mais, Força, Garra, Fé, Estudo, Amor ao próximo e a ti mesmo.

Quero encontrar-te novamente com esta história passada a limpo e com o mesmo sorriso e alegria que são peculiares teus.

Não se esqueça, que quando desencarnarmos, seremos encaminhados por nossos guias a Oxalá e será diante dos olhos dele que faremos nossas prestações de contas, e sinceramente, espero que nesta hora então você o encare olhos nos olhos como sempre faz conosco e possa dizer a ele que cumpriu sua missão.

Beijos no coração e naqueles que hoje sofrem.

Que Oxalá os ilumine e mostre-lhes o caminho a ser seguido.

Muito Axé a Todos!

18 de agosto de 2009

A Nova Gripre

Não é possível ficar a parte do que acontece a nossa volta.Não podemos parar todo o trabalho, mas acredito em prevenções. No caso agora é a nova gripe, mas também foi a dengue (que não desapareceu!) como também ao lidarmos com o público, já que é por força que lidamos com muitos doentes.
Medidas de prevenção contra doenças, hoje e sempre, devem ser tomadas em nossas Casas de santo e Zeladores e Dirigentes devem estar sempre de guarda.

Copos descartáveis para água e café, apesar do preço mas vale a pena, e que os médiuns tenham os seus exclusivos se assim quizerem. Quanto aos copos que as entidades usam, pedim mantenham a vigilância e quando os usam, que aqueles que não estão trabalhando cuidem.

Manter portas e janelas abertas, mesmo em dias frios, aumenta a criculação de ar.

Usar o própio sabão para o banho antes da gira até mesmo por uma questão de higiene e não compartilhar toalhas e outras peças de uso individual.

Sempre que possível, lavem as mãos, ou nos intervalos ou mesmo enquanto esperam para que evitemos problemas. Aqueles que puderem levem o álcool gel.

Em dias de hoje, infelizmente, pedimos àqueles que apresentarem quaisquer sintomas de gripe que comuniquem e não compareçam às sessões.

Quanto a dengue, não podemos esquecer a preocupação com garrafas, copos pratos de plantas ou qualquer outro material que acumule água. Até mesmo nas quartinhas devem ser vetificadas sempre.

Mas o cuidado não deve parar assim, mesmo porque ainda temos uma centena de doenças espalhadas por aí que devem ser monitoradas por nós.Mas sinceramente, a gripe vem para nos alertar. Devemos estar sempre vigilantes, quanto a transmissões de doenças. A AIDS, a hepapite, a meningite e outras tantas são doenças recorrentes e devemos estar sempre atentos.

Que os Orixás nos protejam, mas nós também temos que fazer a nossa parte.
Axé a todos!

4 de julho de 2009

Como devo proceder quando vou em outra casa de santo?


Ao ser perguntada sobre como agir ao visitar outras Casas de Santo sempre peço que siga as seguintes regras:

1) Não vá sem ser convidado. Você poderá ser visto como penetra ou mesmo alguém que vive a caça de giras por aí. A menos que este convite tenha sido feito em lugar público, extensivo aos presentes ou mesmo tenha um cartaz ou quem sabe na Internet. Neste caso as pessoas já esperam que pessoas novas estejam, no local.
Sempre que um amigo te convidar, agradeça gentilmente e se puder vá. Assim você estará também homenageando seu amigo. Em caso de saída de santo (que é muito comum), não deixe de ir. Se possível, confirme sua presença.

2) Informe-se sobre bem sobre a local e a hora. Se o terreiro for distante de sua casa, procure informar-se sobre como chegar, qual transporte irá usar e em caso de ônibus, pergunte sempre a melhor condução e se há facilidades de táxi. Em dias como os que temos vivido em nossa cidade, não é bom relaxar.
Procure estar certo sobre que horas começa, e procure não chegar atrasado. Atrasos nunca são bons, mas também não chegue muito cedo para não atrapalhar o andamento da Casa. Atente para o término e se você tem que voltar para casa cedo. Não fica bem sair as pressas nem ficar enchendo a paciência de ninguém que você precisa ir embora.

3) Vá vestido adequadamente. Não é porque você vai a uma festa que você vai exagerar no traje. Evite o preto, roupas curtas ou decotadas. Evite chamar a atenção para si. Se você não precisa ser o centro das atenções. Afinal, você esta indo a um lugar sagrado. Uma roupa branca, as senhoras, saias de preferência ou mesmo um abadá se for o caso, sempre ficam bem. Não vá de sapatos difíceis de serem tirados. È certo que você terá que tirar os sapados ao entrar no terreiro.

4) Ao chegar, cumprimente os donos da casa. Ao chegar ao portão, peça licença pois todas as porteiras tem dono e ao entrar procure apresentar-se ou se já conhece alguém procure-o. Não entre sem mais nem menos como quem esta perdido. Ao sair, não deixe de cumprimentar os donos e saia de costas no portão, mostra que você está pedindo licença para se retirar e agradecendo a acolhida.

5) Sente-se em local indicado. Não queira lugares próprios ou marcados, caso haja, não faça cerimônia em sentar-se.

6) Mantenha o silêncio. Evite conversas paralelas, risinhos e comentários. Tais atitudes são demonstrações de falta de respeito. Seja lá o que você que desconheça, ache estranho ou engraçado, guarde para si. Se você tiver a quem perguntar sobre qualquer duvida, faça-o com delicadeza, mas de preferência mantenha-se calado. Palavras de baixo calão, nem pensar.

7) Evite comentários do tipo “no meu terreiro é assim ou assado”, “meu zelador faz de tal modo ...” e outras expressões semelhantes. Lembre-se que você não está no seu barracão e apesar da religião ditar regras iguais, cada um faz da sua casa aquilo que acha por bem. Críticas e comparações nem sempre são vistas como construtivas.

8) Ao serem oferecidas comidas, não faça caras e bocas. Se não quiser ou puder comer, agradeça gentilmente e explique sua situação. Caso goste muito do que for oferecido, não exagere. Mas preste bastante atenção, não vá arrumar uma quizila de santo, apenas com uma comida.

9) Não peça, muito menos exija lembranças. Se te ofertarem, agradeça. Mas não intime ninguém nem escolha. Aceite de bom grado a cortesia.

10) Sempre cumprimente a entidade dirigente e as outras que estão lá. Ao entrar na área do terreiro, não deixe de saudar o terreiro, o gongá, o ariaxé , os atabaques e os dirigentes. Mostre que você está ali com respeito aos trabalhos que estão sendo realizados.

11) Não deixe de avisar seu Zelador. Ele te dará instruções mais específicas quanto a sua ida, ou mesmo poderá te acompanhar, ou mesmo se qualquer coisas estiver discordantes ele poderá auxiliá-lo no mesmo instante ou mesmo saberá onde você foi e qual a providência a ser tomada.

12) E lembre-se se você já frequenta uma Casa de Santo, o seu orixá sabe onde e quando deve se manifestar. Caso contrario, avise ao zelador que você está a procura de uma casa e evite dar trabalho as pessoas. Manifestações na assistência de pessoas vindas de outras casas nem sempre são bem recebidas.

13) mantenha seu anjo de guarda e seus santos acesos. Lembre-se da importância do seu Ori e evite que pessoas estranhas passem a mão.

São regras de bonsenso e bom comportamento, você irá com o básico para não fazer feio em lugar algum e voltará para sua Casa com a sensação satisfação e será sempre uma pessoa benvinda.

8 de junho de 2009

Exus e Pombagiras



Assim como S.Jorge, o guerreiro romano, foi associado à figura de Ogum, o grande Orixá das batalhas e vencedor de demandas; Oxalá, o mais proeminente Orixá africano à Jesus Cristo e Iansã à figura de Santa Bárbara, assim foi com todos os Orixás, mas restava Exu. As características de Exu, tão próximas do ser humano, assim como, as suas representatividades, como o falo sempre ereto - visto negativamente pelos religiosos cristãos -, levou-o a um sincretismo extremamente infeliz com o diabo cristão. Exu, que na cultura africana era um Orixá, ainda que muito mais próximo ao ser humano, deixa de ser ícone positivo e passa a ser totalmente negativo.
Existem dois portadores do nome Exu. Um é o Orixá Exu. O outro, são os Guias chamados de Exu (espíritos) que vêm com características, seus gostos, seus hábitos semelhantes ao Orixá,. porém esses Exus são subordinados a um Orixá regente, que pode ser Omulu, Xangô, Oxossí ...
De forma geral podemos perceber que Exu tem duas características bem distintas. A original africana, um Orixá, ou seja, uma Divindade e outra completamente diferente, a da Umbanda, quando se apresenta sob a forma de um espírito desencarnado. No entanto, nas duas versões tem uma mesma função de mensageiro, o que leva os pedidos e oferendas dos homens aos Orixás. É ele quem traduz as linguagens humanas para os seres superiores. Por isso, é imprescindível a sua presença para a realização de qualquer trabalho, porque é o único que efetivamente assegura em uma dimensão o que está acontecendo na outra, abrindo os caminhos para os Orixás se aproximarem dos locais onde estão sendo cultuados. Possuem a função também de proteger o terreiro e seus médiuns.
O poder de comunicar e ligar, confere a ele também o oposto, a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Se possibilita a construção, também permite a destruição. Esse poder foi traduzido mitologicamente no fato de Exu habitar as encruzilhadas, cemitérios, passagens, os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas, e ser o senhor das porteiras, portas de entradas e saídas.
São reconhecidos por nomes dos mais variados: Marabô, Tiriri, Mirim, Miséria, Morcego, Capa Preta, etc. Temos ainda Exu Veludo, Gargalhada, Toquinho, Marabô, Do Lodo, etc... As diversas Pombas Giras também têm várias denominações. Maria Padilha, Mulambo, Navalha, Pomba Gira Cigana, Maria Quitéria, etc...
Seu símbolo é o tridente e a eles também se consagrou a Segunda-feira (dia para oferendas), tem preferência pelas bebidas destiladas, em geral a cachaça e as pombagiras apreciam muito o champagne, gostam de vestir-se bem em cores preta e vermelha e lhes agrada charutos ou cigarros, cachaça ou outra bebida de agrado é bem vindo. Rosas, quase sempre vermelhas ou amarelas são presentes muitos apreciados pelas pombogira.
Do mesmo dos Orixás e para homenagear lhes por seus trabalhos, no dia 13 de junho, comumente, os terreiros promovem as festas para os exus quando então eles cantam, dançam e atendem aqueles que precisam de sua ajuda. Não é diferente em minha casa, oferecendo-lhes neste dia,presentes e uma linda festa a esses incansáveis guardiões.





Salve Exu! Salve Pomba Gira! Laroyê Exu!
São 12 horas em ponto e o sino já bateu. Sei que nesta hora, pela força do vento a poeira vai subir, e com ela também subirá todo o mal que estiver no meu corpo, no meu caminho, na minha casa e assim afastará da minha vida. É com a força e o Axé de Todos os Exus que meus caminhos, a partir deste momento em que os ponteiros se separam, estarão livres de todos os males materiais e espirituais, pois a luz que clareia seus caminhos também há de clarear os meus.
Salve Maria Padilha! Amiga, companheira, guardiã dos meus caminhos e em todas as horas!

6 de maio de 2009

Verdades e Verdades


Por esses dias foi procurada por uma amiga de muitos anos para tentarmos juntas solucionar uma dúvida que machucava seu coração: permanecer ou não na casa de santo.
Ela começou a relatar acontecimentos recentes que a levaram a esta triste duvida. Tais acontecimentos culminaram em um apedrejamento público de seu Zelador de santo através da Internet. Pessoas que insatisfeitas fizeram uma página no Orkut apontando-o como um marmoteiro e dos mais malignos, e ainda convidaram esta minha amiga a participar da execração.

Fomos olhar juntas o que tinham feito, ela acreditava que eu precisaria ver para entender tudo o que estava acontecendo em seu coração. Fiquei boquiaberta com as coisas que li. Difamação é pouco para tanto.

Perguntei-lhe até que ponto tudo aquilo era verdade e qual sua real opinião sobre os fatos relatados. Ela me respondeu que algumas coisas realmente aconteceram e outras estão um pouco deturpadas, mas que no remexer da panela não deixava de retratar um certa verdade que vinha acontecendo no barracão. Ela mesma não sabia bem o que pensar a respeito, já que com ela nada daquilo havia acontecido e por final ela gosta muito de seu zelador e entre eles há amizade.

Depois de falarmos bastante sobre o assunto chegamos unânimes em apenas um ponto: Converse sobre o assunto com seu zelador.
Reviramos bastante a estória e vimos que a pessoa que criou a desafortunada página não aparece, está com um fake (anônimo, falso). Este era o primeiro ponto para cair no descrédito. Por que estar anônimo se apenas diz relatar verdades? Por que pede que outras pessoas como ela se unam (adicionam) a causa, mas o próprio não se expõe?

Outro ponto importante que discutimos era que as pessoas que deixaram a casa, estavam lá a muito, pois os fatos relatados datam bastante tempo, então porque só agora resolveram promover esse levante? Bateram palmas para as muitas maluquices lá relatadas e nunca disseram uma só palavra, concordaram como carneirinhos?

Depois de tanto confabular o assunto apenas aconselhei que procurasse seu zelador e de preferência diante do jogo e juntos possam resolver a peleja. Se ela gosta dele, são amigos e não quer deixar a casa, então que assine em baixo, sem reclamar e não se queixe por injustiçada, já que tem conhecimento dos fatos e presenciou muitos deles e por fim ponha uma pedra no assunto e continue com o trabalho que se propôs a fazer.

Portanto, caros amigos, chegamos ao ponto culminante. Antes de entrar em uma casa de santo, procurem informações sobre a reputação do terreiro e seu zelador. Infelizmente é muito fácil nos depararmos com pessoas mal intencionadas e/ou mesmo despreparadas para o cargo. Outro ponto importante é primeiro percorrer por outras casas para saber se a maioria pelo menos concorda e confirma qual seu santo de cabeça. E depois de entrarem, sigam as regras, sejam assíduos, prontos para o trabalho, ouçam aquilo que o dirigente tem a dizer e principalmente a ensinar, mas não sejam cordeiros mansos que acatam tudo que lhes é imposto sem questionar. E se por acaso estiverem insatisfeitos, procurem o zelador e exponham suas dúvidas ou caso a decisão de sair já esteja pronta conte ao dirigente e sigam os preceitos de saída da casa e de boa educação. Não saiam porta a fora como animais raivosos e nem às escondidas pela porta dos fundos. Esse não é um bom papel para um bom espírita.

Quanto aos meus irmãos Zeladores de Santo, vamos levar mais a sério nosso trabalho. Muitas vezes é enfadonho e cansativo, mas nós nos propomos a fazê-lo, então que seja bem feito. Vamos deixar de lado vaidades improdutivas e não impor aos Iaôs as nossas vontades pessoais ou mesmo descarregar sobre eles frustrações. É muito difícil não errar, mas se acaso o fizermos, que seja sempre na intenção de acertar, de fazer o melhor. Antes de tudo, somos humanos e por isso sujeitos a erros, mas para evitá-los, vamos deixar de lado a soberba e ter a certeza que onipresença e onissapiência pertencem a Deus e que nos precisamos sim continuar aprendendo.

E por fim àqueles que declararam caça as bruxas, cuidado com o julgamento que pode estar errado e podem queimar as pessoas erradas. Uma foto não diz muita coisa, pode ser um momento único ou mesmo estar fora de contexto. Além do mais não existe uma regulamentação para todas as casas de santo. Cada Zelador faz de sua casa aquilo que acredita ser certo e segue as leis da nação pela qual foi feito ou mesmo a regras básicas de umbanda, mas cada casa é uma casa. E além de tudo, não há nada mais relativo que a verdade e quem somos nós, seres impuros e errôneos, para sermos justiceiros?Misericórdia Xangô!


Axé a todos!

30 de abril de 2009

Adorei as Almas! É pr'as Almas!


No próximo 13 de Maio louvaremos os pretos-velhos. Entidades maravilhosas e protetoras de umbanda, verdadeiros anjos guardiões da benevolência e do bom trabalho,que depois de tanto sofrer em suas vidas carnais, vem até nós sob as formas de vovôs, vovós ou tios e tias para consolar-nos e acalentar-nos.

Graças a eles muitos mistérios da cura através de rezas e folhas nos foram desvendados. Com sua incansável presença e muita paciência, esses espíritos chegam em nossos terreiros sempre prontos a nos auxiliar nas tormentas das doenças tanto do corpo quanto da alma. Na maioria das vezes em seus banquinhos, recatados a fumar calmamente seus cachimbos lá encontramos estes guias (no sentido mais do real da palavra) em meio a preces porém ágeis para uma palavra de conforto ou mesmo um instante de ensinamento.

Tenho muito a agradecer porém ainda tanto a pedir, principalmente perseverança a minha missão como espírita e sobretudo como encaminhadora de uma Zeladora de Santo. Que como esses fabulosos espíritos eu tenha o conhecimento, a paciência, a calma que estes espíritos nos oferecem para guiar aqueles que carinhosamente mais que qualquer coisa me chamam de Mãe.

Neste mesmo dia 13 também é celebrada a Escrava Anastácia, guardiã das causas urgentes. Vamos elevar nossos pensamentos aos mártires escravos e a esta santa de origem misteriosa e ao mesmo tempo tão popular, para que venham em nosso socorro das nossas aflições.

Salve Escrava Anastácia, rogai a Deus por nós!
Salve Os Pretos-velhos. Adorei as Almas!
Salve Vovó Catarina, um colo amigo de muitas passagens!

Axé a todos.

29 de abril de 2009

Festa a Ogum!


Conforme o tempo passa, me sinto cada vez mais em estado de graça!


No dia 25 de Abril fizemos uma linda festa em louvor a Ogum. Foi tudo maravilhoso. Meus filhos cada vez mais afinados e entrosados como uma linda orquestra prepararam tudo para a magnifica noite que tivemos.


Ainda foi presenteada com os batizados de David (por sinal meu afilhado!) e Mariana recheados de muita emoção.


Fomos agraciados com a presença dos amigos e de velhos amigos que o coração nunca esquece, foi bom ter tantas pessoas queridas.


Depois nos deliciamos com a feijoada de Ogum (desculpe a pouca modéstia, perfeita, preparada por minha mãe) e de sobremesa um lindo bolo comemorativo feito por uma das filhas da casa, a Roberta, que com seu bom gosto e competência abrilhantou nossos paladares.


Todos brindamos em nome de Ogum e por mais um ano de nossa casa. Tínhamos muitos motivos para comemorar.


Também recebemos belíssimos presentes de um amigo da casa. Recebemos belíssimas imagens, antigas que encheu nossos corações de fé e esperança. Fica registrado nosso agradecimento a esse exemplo de Umbandista, de pessoa, de ser humano além de exemplar filho do Caboclo Cobra-Coral.


Obrigada Ogum pela alegria recebida. Obrigada meus filhos, que mesmo com dores, por quase se queimar fazendo as comidas, da correria, do cansaço depois do trabalho e do vai-vem fizeram esta festa tão bonita. Obrigada aos amigos que lá estiveram para compartilhar nossa alegria e muito Axé a todos!


20 de abril de 2009

Ogum


Salve Ogum,poderoso guerreiro.

Abençoe-me e a todos os teus filhos.
Pai audaz e firme, protegei-me com tua espada flamejante. Combata todas as demandas e me conduza pelos caminhos da prosperidade, da verdade e da luz.
Guarda o meu Ilê e todos aqueles que lá estão de todo o mal.Afasta com tua ira aqueles que não nos querem bem. Açoita com teu aço todas as línguas que proferem maldições e que profanam minha casa.
Faz de mim merecedora de teu zelo e benevolência.
Que eu honre teu nome onde quer que eu esteja.
Encoraja-me a lutar todos os dias.
Não me deixe sozinha em meio a estrada.
Torna-me digna do abrigo de teu escudo.
Meu Pai, não me deixe sucumbir.
Que com tua força eu possa conduzir meu Terreiro e orientar com honradez meu filhos.

Patacori!


Axé a todos

14 de abril de 2009

Os Pequenos Milagres


É comum pessoas me relatarem seus problemas e muito mais comum do que se pensa, muitas delas esperarem que suas desventuras sejam resolvidas imediatamente ou mesmo milagrosamente. Muitos que chegam ao Ilê pensam que ao fazerem suas oferendas aos Orixás voltarão para suas casas e lá tudo estará resolvido e nada mais os preocupará.

Infelizmente não é bem assim que as coisas acontecem. Os Orixás atuam sim em nossas vidas e fazem com que muito se modifique, mas não é exatamente do modo que essas pessoas esperam. Eles nos proporcionam forças para agir e lutar, nos acalentam na dor, nos acalmam para podermos pensar mais claramente sobre os problemas e algumas vezes, a medida do nosso merecimento e da nossa fé, nos proporcionam grandes momentos de felicidade, curas solução ao que parecia impossível.

Sempre digo aos meus filhos de santo que escolhi esta religião, amo os Orixás e muitas vezes minha fé foi posta a prova pelos muitos momentos da vida. Dente eles, minha filha Ana na minha vida graças a força de Oxalá e a medicina moderna, meu Ilè que tanto amo que nasceu do nada e se mantém mesmo com todas as dificuldades, meus filhos-amigos-companheiros que lá estão e por aí vai...

Mas tudo isso é para falar sobre como a vida no santo não é feita de momentos suntuosos e sim de pequenos milagres, momentos vividos, instantes de adrenalina. Esta semana comemoramos o primeiro aninho do Jorginho (esse aí da foto!). Ele brilhou num momento muito difícil, após um acidente do pai e que a mamãe dele foi incisiva e predominante em muitas decisões. Ainda agradecíamos por ter salvado seu pai (um milagre e tanto esse!) quando ele nos agraciou com sua presença. A princípio foi um choque, ninguém esperava depois de tanto tumulto, mas depois foi só curtição (pelo menos pra mim). E agora ele já tem 1 ano! Estou muito feliz em ver estar presente na vida dele e ver que este pequenino prodígio esta crescendo, se tornando cada vez mais forte.

Por isso, meus caros, esperem sim, muito dos Orixás, mas não deixem de se deleitar com o dia-a-dia, com as transformações diárias e principalmente, não vejam apenas o negativo e o doloroso do viver e prestem mais atenção que em meio a tanta turbulência há também os instantes de doçura.

A todos muito Axé e principalmente a você Jorginho, que hoje compreende tão pouco mais um dia entenderá esse sentimento que “Mainha” tem por você.

18 de março de 2009

O Dinheiro


Discutir a questão do dinheiro em Terreiros é sempre uma grande polêmica. Para muitos quebra a noção de caridade, para outros uma necessidade.

O dinheiro nos Terreiros de Umbanda ou Candomblé tem muitos nomes diferentes, mas em todos a mesma finalidade, a manutenção. Como manter uma Casa aberta sem dinheiro? A Cedae ou a Light não reconhecem que nesses lugares está sendo praticada a caridade e como em qualquer lugar, cobra mensalmente os gastos.

É muito difícil encontrar casa cujo dirigente a mantém do seu próprio bolso. Para os trabalhos que são realizados, além do fundamental para qualquer casa como água, luz e gás, precisamos de velas, charutos, bebidas, ervas, bichos e etc.

Antigamente, tudo era produzido dentro do terreiro. A água era proveniente de poços artesianos, os trabalhos completamente feitos a luz de velas feitas com cera no barracão, as comidas eram cozidas em fogões de lenha, as ervas plantadas em um canteiro e os bichos criados a solta no quintal. Hoje é tudo muito diferente. Os espaços são outros e no ambiente urbano, torna-se cada vez mais difícil manter tais tradições.

E por falar em ambiente urbano, torno-se cada vez mais comum os Terreiros ocuparem espaços alugados. Os espaços estão cada vez menores e mais restritos. Foi ficando cada vez mais óbvio que modificações e adaptações eram necessárias para a manutenção de um Terreiro.

Para a Casa funcionar, pagando aluguel, contas e as necessidades básicas, tornou-se cada vez mais comum o pagamento de mensalidades e a cobrança do jogo e de trabalho as clientes. É preciso colocar dinheiro na casa para ela funcionar e deste modo dividir a responsabilidade do funcionamento com os participantes como também com os freqüentadores.

Mas não podemos esquecer que Zelador de Santo não vive de luz, ele também come, muitos também pagam passagem, tem família e para dedicar seu tempo a religião, a parte material de sua vida também precisa de suporte. Nestes casos, vamos pensar juntos no quanto é justo e necessário o pagamento de taxas e dos trabalhos nas casas de santo.

Infelizmente, a dignidade do pagamento está corrompida. É muito comum encontrarmos pessoas com estórias de exploração ou até extorsão. A cada dia crescem fatos de pessoas explorando a fé e a necessidade do próximo. São crescentes os números de falsos pais/mães
de santo com seus anúncios prometendo coisas que só Deus tem como resolver.

Por isso caros amigos, defendo a legitimidade dos pagamentos. Devemos sim cobrar por serviços prestados e pelo tempo dispensado a clientes e filhos. A Casa precisa sobreviver, pagando suas contas e com o material necessário aos trabalhos, porém tenhamos bonsenso e parcimônia ao cobrar. Vamos por na balança a caridade e as necessidades e avaliar um ponto em comum com a cobrança.

E àqueles que estão do outro lado, antes de entregarem seu Owo, verifiquem primeiro o que está em questão. A necessidade do caso, a disponibilidade, a reputação de quem esta a sua frente. Sei que diante do desespero e da aflição é difícil julgar, mas está aí o ponto onde os exploradores entram. Mas mesmo diante da adversidade, ponham também a fé. Não vejam os casos com o coração fechado e nem com a mão totalmente aberta. Procurem observar e analisar. Deste modo, você não será cobrado injustamente e/ou não deixará de também de ajudar a casa que o acolhe.

Axé a todos!

13 de fevereiro de 2009

A Herarquia, o Poder e o Trabalho


Os códigos de conduta e poder em nossa religião não estão escritos em nenhum tratado universal ou mesmo livro sagrado como acontece em outras religiões, nem mesmo está escrito de fato. Nossa religião tem base na oralidade e na tradição quando os conhecimentos são passados e aplicados. A Hierarquia e o Poder existem pelo simples fato de ser assim e ponto final. Foi a bem pouco tempo que foram lançados os primeiros escritos e revelados os meandros da religião no intuito de formalizá-la, mas continua ainda variante de Casa para Casa, de Nação para Nação. A unica coisa que permanece inalterado é o caráter iniciático, apesar daqueles que ainda teimam em triblar esta lei basica.

Em princípio, é o tempo de iniciação religiosa que conta, vale o ditado - antiguidade é posto - seguido do Oye (cargo) que a pessoa ocupe; o mais velho é sempre o mais velho, não importa que mais moço tenha seu cargo religiosos de maior importância; exceção única, feita ao Babalorixá ou Yalorixá, que por poder absoluto, está acima de todo e qualquer outro. É tempo de santo que confere a sabedoria.

É uma religião iniciática de carácter progressivo. A sua organização estabelece-se a partir de um conceito peculiar de hierarquia onde o que está “acima” não tem, necessariamente, poder sobre o que está “abaixo”, mas vai adquirindo, com o tempo e as “obrigações”, o direito de participar e “ver” aspectos mais profundos do quotidiano religioso obtendo, com isso, mais conhecimento.
A ascensão hierarquica em qualquer Casa dá-se da união do tempo e do conhecimento; tempo sem conhecimento ou conhecimento sem tempo constituem-se como caminhos desviantes que tornam o indivíduo inadequado à convivência colectiva. Em síntese, a hierarquia no candomblé estabelece-se no sentido dos que “sabem” (no tempo) para os que “não sabem” (por terem pouco tempo).

Aprender numa Casa é diferente de uma escola convencional, não há cartilha, nem quadro negro, muito menos professores. Mas há o dia-a- dia, a cozinha, os trabalhos a serem realizados, é a melhor forma para dar e receber informação. Segundo os mais velhos: “É na cozinha que se aprende de fato e na sala que se confirma o que foi aprendido”.

E para que este aprendizado seja completo é necessário não só o tempo e as obrigações, mas também a vontade e a permanência do individuo. Como já foi dito, não existem cartilhas e eu mesma no papel de Zeladora não tenho tempo disponível nem paciência para sentar e ditar para que todos anotem os ensinamentos necessários. Sou a favor do aprendizado constante no cotidiano da casa e na participação dos integrantes, de forma a verem e aprenderem e apreenderem os conhecimentos.

Mas voltando aos fatos, o poder na Casa esta implícito ao tempo e ao conhecimento. Sou a favor de passar o conhecimento de forma gradual e a medida do necessário para realizar um bom trabalho. Acredito na distribuição de tarefas, afinal uma só cabeça para todos os fins, acaba por falhar em vários momentos, por isso é por costume em minha casa a divisão do trabalho e com ela sua responsabilidade.

Com o Poder vem inclusa a responsabilidade, afinal aquele que realiza tem propriedade sobre o assunto, porém não determina o poder sobre outros e nem deter o conhecimento unicamente em si. Quando determinada a tarefa ou mesmo a confiança sobre o andamento da Casa, atribuo também “soberania” para o trabalho.

Mas infelizmente, muitos ainda não estão preparados para tanto. Deve-se ter em mente que ao se iniciar na religião, com ela serão impostas também as responsabilidades e que não existe forma de queimar etapas ou mesmo fugir delas. Há aqueles que por motivos diversos querem se impor sobre os outros, fazendo da tarefa que lhe foi dada motivo para imposição, como também aqueles que se escondem e se omitem. Os dois casos são danosos ao bom andamento.

Prezados, quando resolvemos apresentar-nos ao trabalho espiritual, aceitamos todos os encargos que esta escolha promove. A principio com o Orixá e por conseqüência com a casa e com o trabalho. Não podemos acreditar que se chega a Zelador sem trabalho e que este cargo nos impõe sobre a vida e a vontade de outros. Temos sim que trabalhar bastante de forma valorizar o trabalho espiritual e conseqüentemente nossos nomes.

Apesar de tentativas frustradas de dividir o trabalho e dar responsabilidades, sou muito feliz com outros (não podia deixar de puxar a brasa!) e a experiência me fez ver que as rédeas da Casa estão sobretudo em minhas mãos mas que dividir determinadas responsabilidades e um pouco de democracia (incoerente, mas válida!) transformam minha casa em um lugar familiar e acolhedor, em que os que chegam são recebidos com calor humano e carinho e sentem no ar o quão aconchegante pode ser um Terreiro.

Tento em minha casa somar a Hierarquia da religião com as regras básicas do bom-convívio, a educação e o carinho. Nem sempre dá muito certo porque nem sempre é bem vista ou uma se sobrepõe a outra, mas continuarei tentando.
Axé a todos!

7 de fevereiro de 2009

A Quarsema


São comuns as dúvidas sobre a Quaresma. Então fica aqui um pequeno resumo e onde nos enquadramos nela.

A Quaresma, como o próprio nome revela, é um período de 40 dias que começa na Quarta-feira de Cinzas, após as festas ditas profanas (Carnaval) e termina no Domingo de Ramos. A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. Nesta, é falada dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública. Tal período litúrgico, afirmam alguns, se consolidou no final do século III, tendo sido citado no 1o Concílio (Assembléia) Ecumênico de Nicéia, no ano 325.

Este período tem como finalidade, segundo os católicos, preparar o indivíduo, mediante processos de conversão e penitência, para a expurgação de influências carnais e mundanas e a absorção de valores sagrados submetendo-se a um recolhimento espiritual simbolizado por diversas proibições e sacrifícios para lembrar as tentações vividas por Jesus Cristo que culminaram na sua crucificação na Sexta-feira Santa. É também neste período que os altares e capelas são cobertos com panos roxos s silêncio é guardado em sinal de respeito a dor de Maria por seu filho.

Não obstante respeitarmos esta prática religiosa, própria dos católicos, sabemos que tal habitualidade pertence ao catolicismo porém revendo a História, nossa colonização e sobretudo o capitulo da Escravidão, vemos que o calendário litúrgico cristão foi imposto ao negro. E neste período toda atividade alegre cessava e os Terreiros que funcionavam escondidos, temendo represálias por serem descobertos, cessavam suas atividades.Portanto é por tradição fechar os terreiros durante a quaresma.

Para a nós é uma época em que também cobrimos os nossos orixás, isto é, eles não incorporam . Somente os Pretos-velhos e Exus trabalham. Em alguns terreiros admitem-se os trabalhos dos boiadeiros. Como os orixás não incorporam o momento é de vigília constante, introspecção e uma ótima oportunidade para o médium refletir sobre tudo em sua vida material e espiritual.

Materialmente falando é um momento que tratamos da parte física da Casa como pinturas, pequenas obras e etc, além do descanso àqueles que ao terreiro se dedicam, bem como uma preparação para o ano de trabalho que se segue. O que para muitos pode ser um equívoco ou mesmo demonstração de desconhecimento, para nós é um período em que o trabalho não cessa, apenas se restringe.

Os trabalhos voltam ao normal na Sexta-feira da Paixão que é vista por muitos como um ‘dia de queimação’ por conta da crença de que as trevas sobrepujam a luz, tornando-nos vulneráveis. Em nossa casa os médiuns ficam recolhidos em vigília, passam pelo ritual da cura para o fortalecimento do ori e fechamento do corpo, respectivamente. Faz-se também uma mesa branca para Oxalá com canjica, acaçá etc. Todo comem juntos e partilham também o trabalho de limpeza do terreiro em memória da Última Ceia. O sincretismo reforçou o dia de culto a Oxalá na Sexta-feira.

No sábado de Aleluia festeja-se “a volta dos caboclos e dos Orixás”. Utilizamos a partir do Domingo de Ramos (início da Semana Santa) as amarras, o contra-egum, trançados de palha da costa atados aos braços, tornozelos e cintura (umbigueiras) com a função de afastar os espíritos baixos e usamos o branco em homenagem a semana dedicada a Oxalá. È neste dia que oficialmente começamos os trabalhos espirituais com uma gira de abertura e o trabalho com os Exus (neste dia de branco em respeito a Oxalá) pra limpeza espiritual da casa e de todos que lá são acolhidos. Vulgarmente dizemos que também “Malhamos o Judas” com trabalhos para afastar e desfazer possíveis malefícios feitos contra nós.O Domingo de Páscoa é voltado às confraternizações com nossas famílias e amigos.

Portanto apesar destas datas comemorativas estarem especificamente intrincas a religião católica, nós também nos vemos ligados a elas por tradição ou mesmo motivos comerciais (Páscoa – Ovos – Coelhinho) ou quaisquer outros, porém nosso trabalho está ligado aos valores no qual o nosso compromisso com a caridade, com o bem e principalmente com próximo não cessam em época alguma. Estamos sempre a postos e vigilantes e sobretudo preparados a ajudar a quem quer que seja.

Que Oxalá os abençoe.

28 de janeiro de 2009

O Carnaval


Hoje pela manhã, ao ler o meu jornalzinho de todos os dias, vi a foto de Milton Cunha, carnavalesco da Viradouro e Mestre em Letras (ui!puxei a sardinha!), vestido de Exu segundo Caribé se deliciando do alto de um pedestal durante o ensaio técnico da agremiação.

Na matéria ressaltava a polêmica dos temas religiosos nas escolas de samba. Enquanto os católicos protestam com o uso de suas imagens, nós (candonblecistas e umbandistas) apludimos de pé essa manifestação cultural e vemos estas atitudes como arte.
Fiquei deslumbrada com a criatividade do carnavalesco e também bato palmas àqueles que não tem medo de mostrar sua fé e o fazem de forma tão bonita e de certo modo, digna.
Porém tudo isso me fez lembrar de que deveria escrever sobre um esse tema tão discutido nos Terreiros e em particular um assunto polêmico que em certa época gerou debates calorosos em minha Casa.

Carnaval

Os dias que antecedem o período da quaresma, data estabelecida pela Igreja Católica no início do século XI, são de extrema alegria para os foliões de todo o Brasil. Eles se esbaldam, sejam nos desfiles de escola de samba, atrás do trio elétrico, nos bailes a fantasia ou se misturando à multidão que segue as tradicionais troças e blocos de rua. Isto é o Carnaval.

É uma festa profana (contrário ao respeito devido às coisas sagradas) mais antiga que se tem registro, provavelmente há mais de três mil anos. As suas raízes mais remotas encontram-se na Grécia Antiga, no culto a Dionísio, o deus do vinho, do êxtase, também conhecido como o deus Baco, mais tarde celebrado em Roma.

Hoje faz parte do "calendário católico", marcando a despedida dos prazeres mundanos antes do início dos rigores da Quaresma, período de purificação e penitência. A palavra carnaval está ligada a tradição de não comer carne no período que procede a paixão de Cristo. Carnaval deriva do latim carnem levare (tirar carne). Historicamente, o Carnaval é apenas um dia, ou seja, na terça-feira que antecede a Quarta Feira de Cinzas. Por conta dos exageros cometidos em tal festejo que surgiu a denominação “Terça Gorda’”, provavelmente esta também tenha sido a origem da expressão "Dias Gordos" que denominava a transgressão da ordem de jejum a começar na quarta-feira de cinzas.

Vendo assim, o Carnaval consagrou-se por ser uma festa em que todos os prazeres humanos estão amostra. Neste período, as pessoas expõem tendências de cunho negativo, os desejos mais ocultos, desrespeitando-se moralmente para satisfazer prazeres carnais sem limites através do alcoolismo, consumos de drogas e libertinagem. Deste modo estas pessoas tornam-se propícias à atuação dos kiumbas (obsessores, trevosos, zombeteiros etc).

Diante desta análise fazemos sempre algumas recomendações: Nos dias que antecedem o Carnaval, fazemos as firmezas de Exus e Pombogiras para a proteção dos médiuns, nossos guardiões têm por função não permitir que essas energias nos “invadam”. Não é proibido aos médiuns de brincar o Carnaval, mas é obrigatório que tenham responsabilidade consigo mesmos resguardando-se, evitando sol, bebida, fumo e sexo em excesso. Devem se abster do uso de máscaras e apetrechos da religião.

Entenda-se que não chega a ser uma proibição, com o que, seria ferido o LIVRE ARBÍTRIO de cada um, porém é um alerta vigoroso sobre a inconveniência altamente lesiva ao bem estar espiritual. É uma época é difícil para todos e muito mais para aqueles que não tem o devido equilíbrio.

Portanto divirtam-se, mas aliem bom senso, moderação e responsabilidade durante os dias que seguem. Não se tornem alvos fáceis de julgamentos terrenos ou perturbações espirituais. Guardem-se a medida do possível e não tornem a data uma desculpa para seus desvios, uma vez que o mundo espiritual e os nossos Orixás não fecham os olhos e mais tarde as más atitudes serão cobradas na mesma medida.

Axé a todos!


21 de janeiro de 2009

No dia 20 de Janeiro


Aconteceu como estava programado a festa dos Caboclos em minha casa. Foi uma festa linda, muito simples porém muito farta. Fiquei ainda mais orgulhosa ao saber que a Cabocla Jurema deixou elogios a todos e ressaltou o fato que com amor se vai longe. Ela reconheceu e nos parabenizou por termos feito tanto com tão pouco.

Depois pensar bastante no que ela disse, conclui que ela reconheceu nossos esforços em fazer uma festa bonita para aqueles que tanto nos ajudam e em especial (pelo menos pra mim) Ela. Foi gratificante saber que o nosso trabalho foi reconhecido e elogiado tanto pelos amigos que estavam presentes quanto pela cúpula espiritual.

Realmente a muito não me sentia tão bem em minha própria casa. Há muitas festas com muito mais gente e até mesmo dinheiro não sentia a mesma satisfação e a sensação de dever cumprido,apesar da chuvarada que teimou em molhar a casa por dentro também. Além, me foi dada a alegria da coroação dos Orixás de uma filha da casa. Foi um brilho ao coração e aos olhos apesar destes já terem sido presenteados com a linda obrigação arriada nos dias anteriores.

Aos meus filhos que tanto trabalharam para este acontecimento e que deram tanto de si para a alegria desta festa, fica o meu muito obrigada e que todos os Caboclos e em especial que Oxossi os abençoe (Aos meus "nada" que formam o "tudo"). A minha filha Renata, fica aqui registrado o meu voto de felicidade, que seus Orixás a abençoe e te dêem forças para esta grande jornada da vida. E aos amigos obrigada por sua presença e sua ajuda que prova que a ajuda e o carinho são vias de mão dupla.
Axé a todos.

10 de janeiro de 2009

A "Marmotagem"


Há poucos dias alguns filhos de santo retornaram do Mercadão de Madureira com jornais e revistas da nossa religião. Enquanto folheávamos todo aquele material, veio a pergunta: O que é isso? Isso é marmotagem? A princípio era bastante estranho: aquelas fotos mostrando principalmente festas de Exus de “famosos”. Algumas realmente pareciam alegorias ou mesmo nada se via. Ficamos intrigados com o que tais publicações nos apresentavam.

No momento respondi que apenas não sabia ao certo do que se tratava e em algumas realmente não pude conter o riso e todos achamos graça. Hoje, pensando mais um pouco sobre o assunto, vejo que o julgamento “marmotagem” pode não ser o mais correto.

Não sou uma profunda conhecedora de todas as nações do Candomblé. Fui iniciada em uma casa simples em que a mediada do possível e no devido tempo, fui apresentada aos mistérios da religião. Confesso que aprendi muito mas ainda ficaram umas lacunas, várias perguntas ainda ficaram sem resposta ou simplesmente com o “é assim por que tem que ser e pronto”. Por isso, sempre que posso, dedico meu tempo ao estudo da religião, seja com outros Zeladores, seja em livros ou até mesmo na Internet, porém com a ajuda da observação e do bonsenso ao meu lado. E assim, em casa nação pode ser de um jeito, o que não significa que esteja errado, ou mesmo que seja marmotagem.

Em conversas com outros Zeladores e vendo também o que se passava na Internet, percebi que cada qual leva a sua casa do seu jeito. Um princípio que aprendi com minha Zeladora (que também não é famosa nem tem antepassados famosos, mas com mais de 60 anos dedicados à religião) que devemos fazer nossa casa do nosso jeito. Nossa casa é o reflexo daquilo que somos e que devemos respeitar os fundamentos da religião, mas o exterior e as diretrizes da casa cabe a nós. E assim, cada casa com seu jeito, cada Zelador com sua mania e não quer dizer que o que é certo pra mim seja certo para todos.

Depois de um longo passeio pelo mesmo Mercadão, passei a olhar com olhos mais críticos os aparatos, ferramentas e roupas que lá são vendidos. Realmente, há tempos atrás tudo era muito diferente. Os paramentos muito mais simples, as roupas muito menos suntuosas e os igbás muito menos enfeitados. Porém, tem para todo preço, desde o mais caro: mais brilhante em pedrarias e etc aos mais simples em pura palha e chita ou em metal inferior. E assim, cada um dá ao seu santo aquilo que pode. Ou mais luxuoso ou mais simples, aquilo que seu dinheiro e sua vontade pode comprar, porém não podemos esquecer que o Orixá fundamentalmente é muito simples e que o exagero pode se transformar em adereço carnavalesco e que a vaidade é um dos venenos a espiritualidade..

Outro fato muito marcado nas fotos e por demais comentado foram os homossexuais. Os víamos em trajes de pombogiras e ciganas e todos muito enfeitados ou mesmo maquiados a pé do exagero. Não gosto de criticar a opção sexual de cada um, afinal se assim as natureza os fez, assim tenho que respeitar, mas é impossível não reparar que alguns ali aproveitavam-se de suas entidades para “mostrar-se”. Deixemos as vaidades de lado e demos aos “catiços” aquilo que eles querem, mas respeitemos os limites para não os tornar figuras caricatas ou motivo de escárnio de terceiros. E assim como os homossexuais são todos vistos sem diferenças em nossa religião, não deixem que se tornem motivos das criticas de perseguidores e preconceituosos.

Em alguns momentos com aquelas fotos, nos perguntávamos se a pessoa estava mesmo incorporada. Mas em foto é não é tão fácil avaliar isso, mas sabemos que não é raro encontrarmos pessoas fingindo trabalhar com o Santo (neste caso tanto com Orixá quanto com Exu). Isso é um mal que assola qualquer casa por mais exigente e responsável seja seu dirigente, sempre tem aqueles que tem tal postura. Em minha casa tive graves problemas com médiums que falsamente incorporados vitimaram-se com bebedeiras ou “passavam mal” por conseqüência dessas atitudes, mas felizmente a “Seleção Natural” os afastou e assim o faz em toda casa com um Zelador sério e comprometido com a religião.
E assim ao nos deparar com tais figuras talvez seja melhor além de considerar o que vemos vamos também nos preocupar com o que ouvimos, porque pode ser muito mais grave e lesivo.

Portanto, meus amigos, vamos rever nossos conceitos, reparar bem as fotos e vídeos que nos são entregues e não julgar a primeira mão como marmotagem. É certo que tem muita gente por aí “pintando e bordando” com a religião, mas não podemos desconsiderar que o que é bom para mim pode não ser para você e o que se faz em cada casa pode não ser de consenso geral, mas não significa que esteja errado. Não vamos nos preocupar em julgar os outros e sim em guardar e vigiar o trabalho que estamos fazendo. Vamos nos preocupar com aqueles que exploram os outros em nome do Orixá, com aqueles que mentem, vendem falsas esperanças ou mesmos violam o direito divino de todo Ser Humano, o Sonho. Vamos nos preocupar em fazermos um bom trabalho, sermos vigilantes com nossas ações para não cair nos erro daqueles que tanto nos julgam ou mesmo nos tornarmos exploradores da fé.

A justiça nos é um direito, mas justiceiros não. Vamos entregar aqueles que difamam a religião a quem é de direito pois suas ações serão devidamente cobradas.
Axé a todos!