6 de maio de 2009

Verdades e Verdades


Por esses dias foi procurada por uma amiga de muitos anos para tentarmos juntas solucionar uma dúvida que machucava seu coração: permanecer ou não na casa de santo.
Ela começou a relatar acontecimentos recentes que a levaram a esta triste duvida. Tais acontecimentos culminaram em um apedrejamento público de seu Zelador de santo através da Internet. Pessoas que insatisfeitas fizeram uma página no Orkut apontando-o como um marmoteiro e dos mais malignos, e ainda convidaram esta minha amiga a participar da execração.

Fomos olhar juntas o que tinham feito, ela acreditava que eu precisaria ver para entender tudo o que estava acontecendo em seu coração. Fiquei boquiaberta com as coisas que li. Difamação é pouco para tanto.

Perguntei-lhe até que ponto tudo aquilo era verdade e qual sua real opinião sobre os fatos relatados. Ela me respondeu que algumas coisas realmente aconteceram e outras estão um pouco deturpadas, mas que no remexer da panela não deixava de retratar um certa verdade que vinha acontecendo no barracão. Ela mesma não sabia bem o que pensar a respeito, já que com ela nada daquilo havia acontecido e por final ela gosta muito de seu zelador e entre eles há amizade.

Depois de falarmos bastante sobre o assunto chegamos unânimes em apenas um ponto: Converse sobre o assunto com seu zelador.
Reviramos bastante a estória e vimos que a pessoa que criou a desafortunada página não aparece, está com um fake (anônimo, falso). Este era o primeiro ponto para cair no descrédito. Por que estar anônimo se apenas diz relatar verdades? Por que pede que outras pessoas como ela se unam (adicionam) a causa, mas o próprio não se expõe?

Outro ponto importante que discutimos era que as pessoas que deixaram a casa, estavam lá a muito, pois os fatos relatados datam bastante tempo, então porque só agora resolveram promover esse levante? Bateram palmas para as muitas maluquices lá relatadas e nunca disseram uma só palavra, concordaram como carneirinhos?

Depois de tanto confabular o assunto apenas aconselhei que procurasse seu zelador e de preferência diante do jogo e juntos possam resolver a peleja. Se ela gosta dele, são amigos e não quer deixar a casa, então que assine em baixo, sem reclamar e não se queixe por injustiçada, já que tem conhecimento dos fatos e presenciou muitos deles e por fim ponha uma pedra no assunto e continue com o trabalho que se propôs a fazer.

Portanto, caros amigos, chegamos ao ponto culminante. Antes de entrar em uma casa de santo, procurem informações sobre a reputação do terreiro e seu zelador. Infelizmente é muito fácil nos depararmos com pessoas mal intencionadas e/ou mesmo despreparadas para o cargo. Outro ponto importante é primeiro percorrer por outras casas para saber se a maioria pelo menos concorda e confirma qual seu santo de cabeça. E depois de entrarem, sigam as regras, sejam assíduos, prontos para o trabalho, ouçam aquilo que o dirigente tem a dizer e principalmente a ensinar, mas não sejam cordeiros mansos que acatam tudo que lhes é imposto sem questionar. E se por acaso estiverem insatisfeitos, procurem o zelador e exponham suas dúvidas ou caso a decisão de sair já esteja pronta conte ao dirigente e sigam os preceitos de saída da casa e de boa educação. Não saiam porta a fora como animais raivosos e nem às escondidas pela porta dos fundos. Esse não é um bom papel para um bom espírita.

Quanto aos meus irmãos Zeladores de Santo, vamos levar mais a sério nosso trabalho. Muitas vezes é enfadonho e cansativo, mas nós nos propomos a fazê-lo, então que seja bem feito. Vamos deixar de lado vaidades improdutivas e não impor aos Iaôs as nossas vontades pessoais ou mesmo descarregar sobre eles frustrações. É muito difícil não errar, mas se acaso o fizermos, que seja sempre na intenção de acertar, de fazer o melhor. Antes de tudo, somos humanos e por isso sujeitos a erros, mas para evitá-los, vamos deixar de lado a soberba e ter a certeza que onipresença e onissapiência pertencem a Deus e que nos precisamos sim continuar aprendendo.

E por fim àqueles que declararam caça as bruxas, cuidado com o julgamento que pode estar errado e podem queimar as pessoas erradas. Uma foto não diz muita coisa, pode ser um momento único ou mesmo estar fora de contexto. Além do mais não existe uma regulamentação para todas as casas de santo. Cada Zelador faz de sua casa aquilo que acredita ser certo e segue as leis da nação pela qual foi feito ou mesmo a regras básicas de umbanda, mas cada casa é uma casa. E além de tudo, não há nada mais relativo que a verdade e quem somos nós, seres impuros e errôneos, para sermos justiceiros?Misericórdia Xangô!


Axé a todos!