28 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011


No fim de um dia chuvoso, sentei-me para o merecido descanso. Um cafezinho recém passado, um cigarrinho mandado por uma amiga, para que fosse fumado quando me conviesse mas que com ele parasse e refletisse. Pensei em começar a pedir um monte de coisas já que se aproxima um novo ano.

Ao acender tão consagrado fumo em vez de começar a projetar o ano vindouro, dei-me conta do quão importante foi o ano que termina. Tanto aconteceu e de repente vaguei por uma retrospectiva silenciosa como a fumaça daquele cigarro que queimava lentamente mas com brasa tão viva a medida que era tragado.

Hum.....

O ano começou com muitas esperanças, muitos planos a serem postos em prática, mas com uma vontade contagiante nos pouco que a te então me acompanhavam. Festa de Oxossi, alguns amigos apresentados. Amigos estes que em breve se tornariam membros efetivos da Casa. Passamos pela quaresma e pela festa de Ogum, a que mais mexe comigo e sinceramente é difícil explicar como e porque. O tão esperado foguetório, a linda saída de santo que tanto emocionou. Saravá Ogum! Salve Oxum por tanta amor derramado! Amigos que a muito não se viam. Seguimos pela festa dos preto-velhos com tanto carinho como criança que vai visitar tão doce vovó dos carinhos e quitutes. Vamos pela festa de exu que sempre trás mais e mais amigos e que a cada ano prova que cada um dando um pouco muito se faz. Laroie meus compadres!!!

Um gole do café... uma baforada... a chuva...

Xangô nos reuniu mais uma vez e fé se fez mais forte mostrando que caminhos se cruzam não por acaso. Nanã, a tão meiga mãe foi louvada em clima de harmonia e muita paz. Obaluaê veio nos salvando. No deserto que ele andou... e com seu imenso alguidar de pipocas rezamos juntos, pedimos sua benção e saúde tanto mental quanto espiritual, mais corações se uniram aos nossos, bons sentimentos só atrai mais bons sentimentos . E começaram os preparativos para a festa das Crianças!

... a dá pra fazer corações de fumaça! Massa isso!!!!!

Corre de um lado ao outro, dinheiro,lista, vai dar, não vai dar ( Ai vem a máxima da minha filha: “Esquenta muito não Mainha. Eles ajudam!”). Mesa, bebidas, arrumação. Mesa fica dentro de casa ou no quintal? Vai chover? Flores!Tantas e tão coloridas! Ótimo, vc escolheu bem as cores ... o Gongá vai ficar bem colorido! Mas quanta coisa! Benza Deus! Que fartura! Quantos doces!!!! Delícia...

... esse ventinho vai esfriar meu café...

Os meses passaram tão depressa! Mais trabalho ainda por vir. Fechamos os meses com as contas dentro do esperado. E em clima de amizade chegou dezembro. Quente como deve ser porém abrandado pelas Iabás. A festa foi de testar o coração. Mais uma saída. Obaluaê vem lentamente com passos seguros e mais uma Oxum na casa emocionando até os mais durões (ou pelo menos fingem que são).

...xiii... tem passou tem pó de café no fundo da caneca... mas tava bom assim mesmo...

O cigarro que a amiga me deu realmente era para ser fumado com calma para me faze pensar. Tenho mais a agradecer. Pelo excelente ano, por minha Casa estar assim tão cheia de vida, por tantas emoções, pelos excelentes filhos-amigos-irmãos-parceiros (eles conseguem ser tudo isso numa mistura muito boa), pela família que se faz.

Pedir? Não sei se tenho esse direito ainda... Mas que tudo dê certo, que saúde não nos falte, que esta minha família com suas famílias sejam tão felizes quanto se quer, que a prosperidade esteja presente na vida de todos e que amor esteja sempre presente.

Apaguei o cigarro... levantei-me porque a hora não para... Voltei aos preparativos para mais um ano que vem aí.

Muito Axé a Todos!

1 de setembro de 2011

Defeitos alheios






Tá aí uma coisinha difícil de trabalhar em nossas personalidades: Reparar e discutir os defeitos alheios. É tão mais fácil e divertido apontar aquilo que é diferente do outro que tentar verificar em nós o que está fora daquilo que adotamos como padrão.




O Candomblé foi passado até bem pouco tempo oralmente de geração em geração, então o quanto se perdeu ou se acrescentou no caminho? A Umbanda é a realização da universalidade, onde estão os santos católicos no sincretismo, os Orixás e tradições africanas nas divindades, o ritual índio nos caboclos com sua pajelança e as explicações kardecistas aos fenômenos que nos ocorrem e por aí vai. Então caros irmãos o que é o padrão? O que é o certo e o errado? Por que tudo o que foge do nosso normal é errado ou engraçado?




Cada casa é uma casa. Cada dirigente faz seus ritos como aprendeu e julga ser o correto. Então cada um aprende conforme o caminho que trilhou. Cada um de nós adquiriu hábitos, conhecimentos e mesmo os vícios de onde passamos; Alguns são benvindos, afinal nos acrescenta bastante formando o médium que hoje somos; já outros podem ser os tais defeitos, que para nós é perfeitamente normal enquanto para o outro não.




Eu mesma tenho a pretensão de dizer que alguns dos meus filhos, jamais se adaptarão em outras casas e tenho certeza que mesmo os mais reticentes que passaram pelo meu ilê levaram consigo muitas das minhas manias (rs!!). Tento passar aos meus filhos o melhor dos meus conhecimentos, mas sei que agregado vai também muitos desses tais defeitos e sinceramente espero que eles os corrijam e a mim também!




Reparar como outro se veste ou como ele anda, como o Santo dança ou se porta, sobe ou desce, ou não sobe ou não desce, fuma ou não, bebe ou não bebe muito ou pouco. Ficar a espreita apenas procurando os deslizes do próximo, convenhamos, é perder tempo, já que no trabalho espiritual há tanto a se fazer. Desde que não atrapalhe o bom andamento dos trabalhos, que mal pode haver? Será que estamos sendo preconceituosos com o diferente?




Vamos então parar de reparar o outro e fazer o prazeroso chiste daquilo que julgamos errado e vamos para o espelho procurar os nossos tais defeitos com olhar crítico que quem sempre procura fazer o melhor. Assim mesmo que detectemos um real erro em alguém, nós serenos o exemplo para o bem e será mais fácil trazer quem está se perdendo em caminho tortuoso.




Poupemos energias para usá-las corretamente. Sejamos humildes em reconhecer que somos seres falhos. Vamos respeitar o ponto de vista, a maneira de se por e comportar de cada um. Afinal como dizem os antigos, quando apontamos um dedo para o outro não reparamos que estamos apontando três para nós mesmos.




Muito Axé a Todos!


5 de abril de 2011

Combate a Dengue



A Dengue está por aí. Estamos em época chuvosa e o mosquitinho está voando por todo lado trazendo consigo uma doença que mata.


Vamos intensificar a vigilância em nossas casas e terreiros. Por saber o quando o Omi(água) é importante em nossos rituais, devemos multiplicar nossas atenções. Por se tratar de rituais sagrados em que a manipulação não pode ser feita por qualquer pessoa, devemos designar para cada membro da casa, dentro de sua situação hierárquica, que guarde pelos potes, moringas, quartinhas, alguidás, folhas e oferendas que possam abrigar água para e por conseqüência a larva do mosquito, além do ossé (limpeza) necessário.


Na notícia da doença em qualquer membro da casa, vamos ficar atentos ao espaço sagrado porque o foco pode ser qualquer lugar e até mesmo os menores. Vasos de plantas, jarras de flores, pequenos recipientes devem ser averiguados constantemente.


Aparecendo os sintomas, além das habituais orações e mandingas, procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima, siga as instruções dos médicos quanto à necessidade de exames e o tratamento, permaneça em repouso e comunique seu Zelador. Reza e canja de galinha não faz mal a ninguém.


Deixem os agentes de saúde entrar em suas casas e ilês. Avisem sobre as áreas impróprias para visitantes, os ambientes santos, e/ou façam vocês mesmos a vasculha necessária. Deixem que os agentes coloquem observem as áreas comuns, ralos, caixas d’água e poços, pois são pessoas treinadas para localização dos focos de mosquitos e também estão de posse do remédio com as doses necessárias para estes locais.


Em caso de qualquer intolerância por parte do agente de sanitário, anote nome, data e hora da visita e comunique a secretaria de saúde. Além de intolerância religiosa ser crime ele está negligenciando a tarefa a qual foi designado. Na pior das hipóteses chamem a polícia, mas não fechem seus portões a deixar o mosquito agir por vontade de outro.


Promova faxinaços periódicos de modo a não deixar escapar quaisquer áreas. A limpeza coletiva além de ser bastante produtiva no combate a dengue pode ser um motivo de confraternização, encontro e troca de experiências entre irmãos.


Vamos exercitar a cidadania também dentro do barracão , divulgando a informação sobre a doença e prevenindo, fazendo a nossa parte.


Não deixemos um mosquito abalar a nossa fé!


Muito Axé a Todos!

Miopia


Tá lá no dicionário: Miopia (s.f)- Anormalidade visual cujo resultado é a má visão a distancia. Eu sou míope, isto é, tenho miopia e convivo bem com ela desde que não tire os óculos. Acho que sou assim para que com o passar do tempo, eu aprendesse a conviver com a limitação visual e a necessidade dos óculos me dispondo ser mais atenta e menos vaidosa.


Com a experiência, vou tentando ver além daquilo que a minha visão turva me proporciona. Esforço-me para que eu não me limite ao que está próximo de mim e ainda menos unicamente para mim. É consideravelmente difícil tentar perceber o mundo a mais que a vista alcança.


Dentro da vida espiritual e do compromisso sacerdotal que assumi, venho tentando disseminar a idéia de que devemos a todo instante nos libertar do Eu e ver no outro um pouco mais. Tento passar àqueles quem convivo que 5 minutos de observação e um pouco de carinho no coração podemos perceber mais que o aparente. Ver que sorrisos nem sempre estão assim tão abertos, que olhares escondem dores, que abraços podem ser um pedido de socorro ou apenas o alívio que só a amizade pode dar.


Mas infelizmente muitos ainda não se dão conta que muito mais grave que miopia física, a miopia espiritual, a miopia de suas almas os assola. Recusam-se a ver além daquilo que lhes é mostrado e que somente com os olhos da alma podemos ver e que nem mesmo fazem questão de perceber o próximo por estarem profundamente míopes ou até mesmo cegos pelo egoísmo.


Ajudar, fazer caridade vai além do material. Doar, ofertar, oferecer, presentear de nada vale se bons sentimentos não estão no ato. Em muitos momentos, mais vale a presença amiga, o olhar de apoio e aprovação que presentes. Na minha miopia me preocupo em não me atrapalhar entre os momentos de oferecer o tangível com o de doar o coração.


Todo o tipo de pessoa procura a Casa de Santo com todo o tipo de problema. Uns mais, outros menos, mas cada um com suas necessidades. Não nos cabe julgar o grau desta necessidade, apenas temos de fazer ao máximo para saná-las e fazer com que este saia fortalecido ou pelo menos esperançoso.


Mas esta caridade não pode limitar-se as giras no Terreiro. Devemos também nos ocupar com esta atividade caritativa também com nossos irmãos de santo, familiares e amigos, ou seja, é um exercício diário. Também temos nossos problemas, mas não podemos limitar nosso olhar a eles e ver que o irmão próximo pode estar a nos pedir ajuda no olhar ou a camuflar seus próprios dissabores. Não podemos nos colocar míopes e sobrecarregar outrem com questões que penas nós podemos solucionar.


Sim, o indivíduo se presta a caridade, porém pode ser ele quem está precisando da nossa ajuda. Vamos olhar mais nos olhos do outro e ver que ele talvez esteja estendendo a mão não só para se oferecer em caridade e sim em um silencioso SOS. Tentemos um pouco mais estar presentes nos momentos importantes dos nossos irmãos, mostrando pra ele que estamos ali com alma encharcada de amizade.


Com isso, caros, proponho que nos livremos da nossa miopia e arregalemos os olhos para o nosso redor. Proponho colocarmos nossos problemas a serem apreciados na pauta do dia mas não negligenciar disfunção alheia.


Tarefa difícil, mas não impossível. Tentando um pouco por dia, com tolerância, com compaixão, com muito carinho e um pouco de delicadeza talvez fique mais fácil e nada enfadonho.


Muito Axé a Todos!


4 de abril de 2011

Passeando pela net em uma noite chuvosa, encontrei esse texto que resume o sentimento de muitos irmãos de fé. Pensei em divulgá-lo também aqui para que possamos pensar bem e bastante nos rumos que estamos dando as nossas casas espíritas, e mais ainda o que esperamos para o nosso trajeto como trabalhadores do bem. Vamos refletir, pautados nesse texto e rever principalmente a nós mesmos. Vamos nos avaliar, avaliar nossas casas. vamos considerar os prós e contras do novo e da vaidade. Vamos repensar nossos projetos de amor ao próximo, caridade e irmandade que estamos praticando em nossos ilês. Vamos aproveitar para considerar que tipo de irmão de fé temos sido para com os nossos iguais e mais ainda com os diferentes. Muito Axé a Todos!

POR QUE A SIMPLICIDADE NÃO SATISFAZ ???


Marco Boeing


Dirigente da ASSEMA - Curitiba


Depois de alguns anos militando na umbanda, comecei a desenvolver um senso critico no diz respeito a minha religião.


Passei a observar as mudanças, as evoluções, os retrocessos, o comportamento, enfim tudo que se refere ao dia a dia da Umbanda.


Uma coisa tem me incomodado muito; a falta de simplicidade que tenho observado nos terreiros. Quando iniciei na Umbanda, pés no chão, uma roupa branca, algumas velas brancas no altar e o terreiro estava pronto para funcionar, as entidades sempre presentes, os consulentes atendidos, os médiuns felizes por estarem ali, enfim uma atmosfera propícia para pratica do bem.


Não existiam cursos como, por exemplo, formação de “sacerdotes” em dois anos, nosso aprendizado era dentro do terreiro, ouvindo o dirigente, as entidades, os mais experientes.


Muitos vão dizer que a evolução é importante e faz parte da vida, concordo, mas penso que deva ser uma evolução inteligente, coerente.


Infelizmente tenho visto muitos que inventam rituais, fundamentos praticas, muitas beirando o absurdo, outros vão buscar em outras religiões, praticas que nada tem haver com a Umbanda, em nome de uma pretensa evolução.


Vejo a subserviência, a idolatria à pessoa do “pai de santo” muito grande, vejo que em muitos casos a espiritualidade fica em segundo plano, hoje Orixá virou sobrenome e até propriedade pessoal, terreiros viraram desfile de moda ou concurso de fantasias.


Aprendi que quando se vai a outro terreiro devemos saber entrar e sair, minha Mãe de Santo, nos ensinou que quando visitamos outra casa, salvo se somos convidados pelo chefe do terreiro, somos assistência, e nosso lugar é “na fila do passe” como ela dizia. O que ocorre hoje é bem diferente, “pais de santo” que se acham no direito de exigir que se dobrem atabaques para ele, que se prestem reverencias, e muitas vezes ainda saem reparando, criticando ou caçoando do trabalho, e por que tudo isto? Justamente pelo fato de que a espiritualidade para eles é apenas um detalhe.


Não sei onde isto vai acabar, espero que acabe antes que a Umbanda acabe...


Amigos longe de mim querer generalizar ou ser o dono da verdade, como disse no inicio, sou apenas um observador do comportamento umbandista.


Ainda bem que temos terreiros que ainda mantêm a essência da Umbanda, onde a palavra de um Preto Velho ou de um Caboclo é ouvida e seguida. Onde o dirigente senta com seus filhos, ouve, explica, não tem vergonha de dizer “não sei, mas vou tentar aprender”.


Este texto nada mais é que um desabafo de um saudosista, que pisou muito em terreiro de chão batido, que limpou muito cinzeiro, que já caiu varias vezes de “bunda” no chão durante o desenvolvimento, que já levou muito “pito” de entidades, que teimou muitas vezes, mas que aprendeu a amar com todas as forças a Umbanda, e que depois de todo este tempo vivenciando a Umbanda tem uma pergunta aos Umbandistas:


POR QUE A SIMPLICIDADE NÃO SATISFAZ ???

6 de janeiro de 2011

UM NOVO ANO


Chegamos a um novo ano e sempre vem a mesma pergunta: Qual o Orixá que vai reger esse ano? Normalmente não me preocupo tanto assim com isso, mas sempre bate aquela curiosidade e vamos aos búzios para perguntar.


Para a minha felicidade (ui!), e confirmado por outros zeladores , quem vem regendo este ano é Oxum. Minha Sagrada Mãe, Senhora do meu Ilê e por isso acredito sinceramente que este ano será especial de diferentes modos.


Mas não me prenderei a esta informação, mas tentarei tirar o melhor proveito dela. Sinceramente acredito que todos os anos pertençam a todos os Orixás, de modo que cada um atua sobre nós de acordo com as nossas necessidades e vontades.


Então caro amigos, vamos fazer deste ano o melhor que pudermos. Plantar e colher aquilo que desejarmos e trazer destas forças sublimes que nos cercam o melhor de nós, para nós e para aqueles que caminham conosco.


Que este ano tornemos reais os nossos sonhos e vontades, com a força do nosso trabalho, abençoado por todos os Orixás.


E que este ano que Mãe Oxum tomou como o dela, seja tão doce, tão próspero e tão cheio de amor como só ela pode ser!


Muito Axé a Todos!