30 de agosto de 2012

Iniciação de Crianças


Depois de muito tempo, voltei...

Sentindo-me  contagiada pela alegria dos Ibejis que vêm a minha Casa e mais ainda com a euforia das nossas crianças (diz-se minha filha Ana, David, Maryanna, Jorge – filhos de membros da Casa) com a chegada da festa de Cosme e Damião que me veio a mente a iniciação dos pequenos na religião.

É sempre uma polêmica quando nos deparamos com o assunto. Para uns, perfeitamente normal iniciar filhos na sua religião, para outros um disparate por crianças no convívio religioso submetendo-as a escolha natural do convívio familiar.

Mas como este blog tem por finalidade manifestar minhas ideias sobre a religião vou deixar então minha opinião: sou contra. Apesar de achar lindo ver o trabalho das crianças no âmbito religioso, não sou a favor de iniciar as crianças, seja umbanda ou candomblé , salvo casos muito extremos como, por exemplo, quando a saúde da criança está em cheque ou mesmo que a mediunidade já está aflorada e precise ser conduzida.

Podendo evitar que crianças (e quando falo crianças me refiro a todos que ainda não atingiram a maioridade legal, ou seja, 18 anos) sejam submetidas as responsabilidades e obrigações que a religião determina, assim o farei. Dói-me imaginar uma criança que ainda pensa em brincar e divertir-se tendo sobre seus pequenos ombros a responsabilidade da missão espiritual.

Já acho um grande sacrifício para elas quando são obrigadas a acompanhar os pais na ida ao Terreiro quando deveriam estar em casa em meio aos brinquedos ou televisão apenas curtindo seu sábado despreocupadamente. Eu mesma me sinto culpada em relação a minha própria filha por ter que levá-la em todas as sessões, não por necessidade dela mas simplesmente por não ter com quem deixá-la. (Perdoe-me filha, um dia você vai me entender!).

Como não temos um lugar adequado para que eles fiquem a vontade nem pessoas que possam lhes fazer companhia durante nossos cultos, tentamos ao máximo fazer com que não fiquem entediadas dando lhes algum espaço para que possam brincar, mas é pouco. Só mesmo com a ajuda das Ibejadas que quando chegam disseminam a alegria que as contagia e faz com que tudo termine bem.

Imagine então uma criança tendo que passar pelos rigores que a religião exige como ficar horas de pé ou de um lado para o outro,  sem contar sob o peso da incorporação. Ao meu ver,  é muito submeter os pequenos a algo que eles pouco conseguem compreender. E vamos falara verdade, é difícil  para alguns adultos compreender a responsabilidade sobre culto, muitos não conseguem alcançar a dimensão do fato, imagine então uma criança.

Sem falar em submetê-las a intolerância que ainda sofremos. Hoje se fala tanto em bullying e será que é justo por sobre uma criança mais um item de diferenciação?

Penso que devemos sim orientá-las pela religião de acordo com nossas crenças. Batizá-las para que recebam proteção, guarda e bênçãos dos guias. Tratá-las conforme as orientações que recebemos e resguardá-las das energias mais densas. Muito mais fácil dar o direito de escolha a quem tanto amamos e até que tenham compreensão suficiente. Vamos apenas deixando que conheçam explicando honestamente tudo o que acontece durante as sessões e deixando que no momento certo eles mesmos decidam.

Será-me de grande orgulho ver um dia uma das nossas crianças seguindo pelo caminho que tanto me faz bem. Serão recebidos com lágrimas de felicidade. A sucessão é algo que preocupa nossa sociedade, a hereditariedade está em pauta desde o início dos tempos. Mas quando a herança é recebida de forma ordenada e de bom grado é muito mais gratificante.

Até lá, continuo a pedir a  Doum, Mariazinha, Pedrinhos, Joãozinho, Ritinha, Quinzinho, Juscelino, Rosinha... Cachinho de Ouro e sim por diante que cuidem de nossas crianças, nossos filhos. Que não lhes faltem em nenhum momento sendo nossos olhos e colo sempre que precisarem.
Muito Axé para Todos!