Depois de muito tempo, voltei...
Sentindo-me
contagiada pela alegria dos Ibejis que vêm a minha Casa e mais ainda com
a euforia das nossas crianças (diz-se minha filha Ana, David, Maryanna, Jorge –
filhos de membros da Casa) com a chegada da festa de Cosme e Damião que me veio
a mente a iniciação dos pequenos na religião.
É sempre uma polêmica quando nos deparamos com o assunto.
Para uns, perfeitamente normal iniciar filhos na sua religião, para outros um
disparate por crianças no convívio religioso submetendo-as a escolha natural do
convívio familiar.
Mas como este blog tem por finalidade manifestar minhas ideias
sobre a religião vou deixar então minha opinião: sou contra. Apesar de achar
lindo ver o trabalho das crianças no âmbito religioso, não sou a favor de
iniciar as crianças, seja umbanda ou candomblé , salvo casos muito extremos
como, por exemplo, quando a saúde da criança está em cheque ou mesmo que a
mediunidade já está aflorada e precise ser conduzida.
Podendo evitar que crianças (e quando falo crianças me
refiro a todos que ainda não atingiram a maioridade legal, ou seja, 18 anos) sejam
submetidas as responsabilidades e obrigações que a religião determina, assim o
farei. Dói-me imaginar uma criança que ainda pensa em brincar e divertir-se
tendo sobre seus pequenos ombros a responsabilidade da missão espiritual.
Já acho um grande sacrifício para elas quando são obrigadas a
acompanhar os pais na ida ao Terreiro quando deveriam estar em casa em meio aos
brinquedos ou televisão apenas curtindo seu sábado despreocupadamente. Eu mesma
me sinto culpada em relação a minha própria filha por ter que levá-la em todas
as sessões, não por necessidade dela mas simplesmente por não ter com quem
deixá-la. (Perdoe-me filha, um dia você vai me entender!).
Como não temos um lugar adequado para que eles fiquem a
vontade nem pessoas que possam lhes fazer companhia durante nossos cultos,
tentamos ao máximo fazer com que não fiquem entediadas dando lhes algum espaço
para que possam brincar, mas é pouco. Só mesmo com a ajuda das Ibejadas que
quando chegam disseminam a alegria que as contagia e faz com que tudo termine
bem.
Imagine então uma criança tendo que passar pelos rigores que
a religião exige como ficar horas de pé ou de um lado para o outro, sem contar sob o peso da incorporação. Ao meu
ver, é muito submeter os pequenos a algo
que eles pouco conseguem compreender. E vamos falara verdade, é difícil para alguns adultos compreender a responsabilidade
sobre culto, muitos não conseguem alcançar a dimensão do fato, imagine então
uma criança.
Sem falar em submetê-las a intolerância que ainda sofremos.
Hoje se fala tanto em bullying e será que é justo por sobre uma criança mais um
item de diferenciação?
Penso que devemos sim orientá-las pela religião de acordo com
nossas crenças. Batizá-las para que recebam proteção, guarda e bênçãos dos
guias. Tratá-las conforme as orientações que recebemos e resguardá-las das energias
mais densas. Muito mais fácil dar o direito de escolha a quem tanto amamos e
até que tenham compreensão suficiente. Vamos apenas deixando que conheçam explicando
honestamente tudo o que acontece durante as sessões e deixando que no momento
certo eles mesmos decidam.
Será-me de grande orgulho ver um dia uma das nossas crianças seguindo
pelo caminho que tanto me faz bem. Serão recebidos com lágrimas de felicidade.
A sucessão é algo que preocupa nossa sociedade, a hereditariedade está em pauta
desde o início dos tempos. Mas quando a herança é recebida de forma ordenada e
de bom grado é muito mais gratificante.
Até lá, continuo a pedir a Doum, Mariazinha, Pedrinhos, Joãozinho,
Ritinha, Quinzinho, Juscelino, Rosinha... Cachinho de Ouro e sim por diante que
cuidem de nossas crianças, nossos filhos. Que não lhes faltem em nenhum momento
sendo nossos olhos e colo sempre que precisarem.
Muito Axé para Todos!