28 de janeiro de 2009

O Carnaval


Hoje pela manhã, ao ler o meu jornalzinho de todos os dias, vi a foto de Milton Cunha, carnavalesco da Viradouro e Mestre em Letras (ui!puxei a sardinha!), vestido de Exu segundo Caribé se deliciando do alto de um pedestal durante o ensaio técnico da agremiação.

Na matéria ressaltava a polêmica dos temas religiosos nas escolas de samba. Enquanto os católicos protestam com o uso de suas imagens, nós (candonblecistas e umbandistas) apludimos de pé essa manifestação cultural e vemos estas atitudes como arte.
Fiquei deslumbrada com a criatividade do carnavalesco e também bato palmas àqueles que não tem medo de mostrar sua fé e o fazem de forma tão bonita e de certo modo, digna.
Porém tudo isso me fez lembrar de que deveria escrever sobre um esse tema tão discutido nos Terreiros e em particular um assunto polêmico que em certa época gerou debates calorosos em minha Casa.

Carnaval

Os dias que antecedem o período da quaresma, data estabelecida pela Igreja Católica no início do século XI, são de extrema alegria para os foliões de todo o Brasil. Eles se esbaldam, sejam nos desfiles de escola de samba, atrás do trio elétrico, nos bailes a fantasia ou se misturando à multidão que segue as tradicionais troças e blocos de rua. Isto é o Carnaval.

É uma festa profana (contrário ao respeito devido às coisas sagradas) mais antiga que se tem registro, provavelmente há mais de três mil anos. As suas raízes mais remotas encontram-se na Grécia Antiga, no culto a Dionísio, o deus do vinho, do êxtase, também conhecido como o deus Baco, mais tarde celebrado em Roma.

Hoje faz parte do "calendário católico", marcando a despedida dos prazeres mundanos antes do início dos rigores da Quaresma, período de purificação e penitência. A palavra carnaval está ligada a tradição de não comer carne no período que procede a paixão de Cristo. Carnaval deriva do latim carnem levare (tirar carne). Historicamente, o Carnaval é apenas um dia, ou seja, na terça-feira que antecede a Quarta Feira de Cinzas. Por conta dos exageros cometidos em tal festejo que surgiu a denominação “Terça Gorda’”, provavelmente esta também tenha sido a origem da expressão "Dias Gordos" que denominava a transgressão da ordem de jejum a começar na quarta-feira de cinzas.

Vendo assim, o Carnaval consagrou-se por ser uma festa em que todos os prazeres humanos estão amostra. Neste período, as pessoas expõem tendências de cunho negativo, os desejos mais ocultos, desrespeitando-se moralmente para satisfazer prazeres carnais sem limites através do alcoolismo, consumos de drogas e libertinagem. Deste modo estas pessoas tornam-se propícias à atuação dos kiumbas (obsessores, trevosos, zombeteiros etc).

Diante desta análise fazemos sempre algumas recomendações: Nos dias que antecedem o Carnaval, fazemos as firmezas de Exus e Pombogiras para a proteção dos médiuns, nossos guardiões têm por função não permitir que essas energias nos “invadam”. Não é proibido aos médiuns de brincar o Carnaval, mas é obrigatório que tenham responsabilidade consigo mesmos resguardando-se, evitando sol, bebida, fumo e sexo em excesso. Devem se abster do uso de máscaras e apetrechos da religião.

Entenda-se que não chega a ser uma proibição, com o que, seria ferido o LIVRE ARBÍTRIO de cada um, porém é um alerta vigoroso sobre a inconveniência altamente lesiva ao bem estar espiritual. É uma época é difícil para todos e muito mais para aqueles que não tem o devido equilíbrio.

Portanto divirtam-se, mas aliem bom senso, moderação e responsabilidade durante os dias que seguem. Não se tornem alvos fáceis de julgamentos terrenos ou perturbações espirituais. Guardem-se a medida do possível e não tornem a data uma desculpa para seus desvios, uma vez que o mundo espiritual e os nossos Orixás não fecham os olhos e mais tarde as más atitudes serão cobradas na mesma medida.

Axé a todos!


Um comentário:

Roberta King disse...

Mãe a senhora ta escrevendo cada vez melhor heimmm, conselho dado....conselho seguido .... consciencia tranquila !!!

bjossss