29 de agosto de 2013

Das responsabilidades

Foi  o pensando nos afazeres para a próxima sessão que acabei por escrever este texto.´

Lembrei-me da minha consagração como Zeladora de Santo e dos votos feitos naquela hora. Honrar meu Orixá, meu nome, minha Casa e minha Mãe de Santo. Nessa hora a emoção foi tanta que não me dei conta da força daquelas palavras, do quanto tudo isso proferido em voz alta diante de tanta gente poderiam recair em minha mente tanto tempo depois.

No momento em que abraçamos essa vida religiosa apenas temos em mente a responsabilidade. Apenas temos o discurso que ao entrar devemos fazê-lo de forma consciente já que é caminho sem volta, entrou não pode sair mais e por aí vai mas não pensamos que este caminho nos leva cada vez mais alto e vamos agregando ainda mais responsabilidades com o passar do tempo.

Eu mesma pensava de deveria fazer corretamente minha parte, estar pronta e a postos para os trabalhos seguir os preceitos e determinações e tudo está ótimo. Quaisquer mais conhecimentos e as tais responsabilidades ficariam ao encargo da Mãe de Santo, ela sim deveria pensar na gravidade das coisas e trabalhos, nos detalhes e tudo mais. Não imaginava que eu um dia estaria nesse lugar, pensando em coisas além do ir ou não ao terreiro.

Hoje eu tenho que pensar na Casa, nos detalhes administrativos, no fundamento, nos consulentes, nos filhos de santo... ufa!!

Mas por que alguns filhos de santo não tem a mesma preocupação? Por que alguns não buscam pra si  a obrigatoriedade da religião. Por  que mesmos alguns não assumem seus papeis  na Casa para a realização de um bom trabalho? Por que não fazem o juramento de honras no momento que entram na Casa? Seria bom se colocássemos tudo no papel em duas via assinado com firma reconhecida, mas não é assim que acontece.
Nessa hora vem o papo da hierarquia... mas isso não significa leis autoritárias, apenas grau de formação diferentes, o que é outra história.

Voltando aos fatos... só a Mãe de Santo se preocupa? Só ela tem obrigação de ser e estar o tempo todo na Casa de Santo? Só ela tem que preocupar-se com o trabalho que está sendo feito por ela e pelos seus?

Tudo isso me faz pensar: Será que quando filhos de santo apenas pensamos na Zeladora como uma entidade?  Será que filhos de santo não se veem como companheiros na seara?Será que esquecem que a Mãe de santo é uma pessoa  com sangue nas veias que ama, sofre, chora e também  sente dor de barriga? Será que esta entidade Mãe de santo não merece que ainda como filhos de sua casa, todos tenham a preocupação de onde e como levamos sua bandeira? Será que ela não se cansa de ter apenas pra si a responsabilidade sobre o próprio nome, o nome de sua Casa, daqueles que nela se abrigam?

Está na descrição do cargo ser apenas um suporte? Ser aquela que está a disposição com seu conhecimento e tempo para atender e apresentar soluções para todos os problemas? Zeladores são apenas aqueles que tem por missão ensinar, encaminhar e estar sempre presente? Mas e o retorno? Qual é? Onde fica?

É... muito a pensar e mais ainda fazer... o trabalho está aí... são muitos os que precisam...mas vale a pena pelo menos colocar em discussão... quem sabe no futuro quando os filhos de hoje serão então os pais, eles trabalharão melhor seus relacionamentos na religião e consiguirão livrar-se das iras e ingratidões e apenas saborear as delícias que os amores,também construídos em sua casa, podem lhes dar.

Muito Axé para Todos!!!


Nenhum comentário: